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O avanço da extrema direita ameaça a luta por justiça social no mundo

Com a volta à Casa Branca, Donald Trump não demorou a manifestar imposições, com decisões antidemocráticas, para demarcação de controle e intensificação de ameaças aos direitos humanos e à justiça social; modus operandi da extrema direita. Ataques expressivos à diversidade, à liberdade, à ciência, à assistência e à vida, com políticas de isolamento e protecionismo, pautadas na xenofobia, são reflexos de sua fixação pelo poder. Retrato fiel do mandato de Trump na presidência.

Considerando o impacto global de uma das maiores potências econômicas, políticas e sociais, as decisões do atual presidente dos EUA anunciaram o cenário de barbáries. O abandono de acordos internacionais, como o Acordo de Paris, pacto pela redução dos efeitos da crise climática; as contundentes ações anti-imigração, com deportações urgentes e violentas de centenas de pessoas; o ataque explícito a organizações humanitárias compõem a lista de retrocessos.

Segundo dados do Serviço de Imigração dos Estados Unidos, divulgados em janeiro, quase 1,5 milhão de pessoas têm uma sentença de deportação no país, dentre eles, 38 mil brasileiros. Em janeiro, 88 foram forçados a deixar o território estadunidense e denunciaram agressões, humilhações e condições desumanas durante o processo.

Impacto mundial

No início deste mês, Trump determinou o encerramento das atividades da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), com a suspensão dos funcionários e das ajudas por 90 dias, e posteriormente com a demissão do inspetor geral independente, Paul Martin. Considerada a maior agência de assistência internacional do mundo, Usaid opera em cerca de 130 países onde financia projetos humanitários. Segundo especialistas brasileiros que analisam a decisão, é provável que o seu papel seja tomado pelas big techs.

Reprodutor do fascismo e da crueldade ilimitada do sistema capitalista no mundo, o extremismo de direita, abertamente, ganhou ainda mais espaço nos discursos de representantes de plataformas digitais, como o X (antigo Twitter), de Elon Musk. A cooptação logo expressou as discriminações, tão características do sistema de direita, nas diretrizes de redes sociais. Na nova política da Meta, anunciada logo após a eleição de Trump, manifestações LGBTfóbicas, como a associação de pessoas LGBTQIA+ a doenças mentais, não serão impedidas pela empresa.

Diante da conhecida influência que tais meios exercem na formação de opinião, não apenas os algoritmos, mas também as ferramentas de regras das redes, passam a ser estratégia de controle e disseminação de absolutismos; agora mais explicitamente.

Associações e sindicatos denunciam a ilegalidade e a inconstitucionalidade do fechamento da USAid. O decreto já impactou negativamente projetos como: a ajuda para meninas com escolas no Afeganistão; o de fornecimento de medicamentos para pessoas que vivem com o HIV em países da África, com cerca de 20 milhões de pacientes; o financiamento para professores e suprimentos em Uganda; clínicas de saúde materna e planejamento familiar no Malawi; a assistência alimentar para refugiados, em Bangladesh, que será cortada pela metade em março e acabará completamente em abril.

O Brasil está na 13ª posição entre os países que mais receberam assistência da agência, em 2024, sendo o “Tapajós para a Vida” um dos maiores recursos recebidos, com R$ 23 milhões destinados a ações de conservação e uso sustentável das áreas protegidas na Bacia do Rio Tapajós, na Amazônia.

Ameaçar os direitos humanos é, para a extrema direita, método de reafirmação de poder para a manutenção do controle.   

Demarcado no dia 20 de fevereiro, pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia da Justiça Social é dedicado ao debate sobre o enfrentamento da pobreza, das desigualdades, da discriminação e de toda forma de exclusão ou marginalização. Toda a população sofre quando os direitos humanos são arriscados, mas os mais vulnerabilizados são os mais expostos às consequências. A justiça social está pautada na promoção e garantia de direitos humanos aos povos empobrecidos e expostos a violações, na crença por dias melhores e mais justos.

Vigilantes pela defesa e em atuação pela justiça social, a luta contra os discursos de extrema direita – dentro e fora das redes, e nos poderes de decisão – tenciona resguardar a democracia e os direitos humanos, bases de sustentação para o pleno desenvolvimento social e de qualidade nos acessos aos direitos essenciais e fundamentais à vida.

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