“Me vejo estudando aqui”: Cendhec leva meninas de Igarassu para conhecer campus do IFPE

Na manhã desta segunda-feira, 03 de abril, 35 meninas da escola Municipal Evangelina Delgado de Albuquerque, localizada no distrito de Três Ladeiras, da área rural de Igarassu, participaram de uma excursão, facilitada pelo Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social, o Cendhec, ao campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco do município, localizado no Engenho Ubu.

As estudantes foram acompanhadas durante a visitação por Silvania Macedo, assistente de direção da escola Evangelina; as gerentes de educação de Igarassu Ivania Borges e Arlene Benicio; pelos servidores do Instituto Federal André Golçalves, professor de língua portuguesa e espanhola; Renato Costa, coordenador de administração e planejamento; e Karla Costa, coordenadora de relações empresariais estágios e egressos. Pelo Cendhec estavam as comunicadoras Alcione Ferreira e Mariana Moraes. “Isso aqui é de vocês. É uma instituição pública, esperamos que se sintam acolhidas”, comentou Gonçalves, ao recepcionar o grupo.

A ida ao IFPE teve por objetivo apresentar opções para as jovens, que concluem o nono ano na escola Evangelina, mas não têm escolas técnicas ou de nível médio e superior no local de 1.500 habitantes. Na instituição federal, elas conheceram os cursos oferecidos, como logística, administração e gestão de qualidade, além de visitar salas de aula, bibliotecas e laboratórios.

Esta ação nasceu a partir da fala emblemática da ex-estudante da escola Evangelina, Shara Raquel, que durante o evento de lançamento dos primeiros dados da pesquisa sobre desigualdades de gênero, atividade do projeto “Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para Meninas”, iniciativa do Cendhec com apoio do Fundo Malala, falou sobre seu desejo de estudar na unidade federal assim que terminasse o ensino fundamental. “O Centro Dom Helder, articulado com a Secretaria de Educação do município e  Instituto Federal, promoveu o encontro para que outras estudantes pudessem conhecer mais um espaço educacional público que deve garantir o acesso e possibilitar a permanência das meninas na educação”, acentuou Alcione Ferreira, integrante da equipe do Cendhec que atuou na coordenação do projeto “Na Trilha da Educação”.

Com a experiência, meninas vislumbram caminhos outros, que não sejam o trabalho doméstico ou casamento, realidade vivida pela maior parte de suas mães, avós, e outras mulheres do distrito. “A visita foi ótima, gostei de ter vindo, às vezes a gente se sente esquecida por lá. Me vejo estudando aqui, mas precisamos que alguns serviços sejam oferecidos, como transporte, que não tem em Três Ladeiras”, diz Eloane, uma das estudantes que participou da excursão.

Questionados pelas visitantes, os servidores responderam que estão em contato com secretarias da educação para facilitar o acesso de discentes, seja com bolsas ou ônibus escolares. “Estamos trabalhando, também, para que nos próximos dois anos tenhamos vagas para ensino médio, assim receberíamos vocês, que estão no oitavo, nono ano, por exemplo. Não iniciamos, ainda, porque precisamos contratar professores da educação básica, como professores de geografia, história e fisica”, comentou Renato Costa.